Quando abriu a porta do seu apartamento, ele lembrou do que o esperava. Saíra cedo de casa para o trabalho e o tempo estava aberto, provavelmente outro dia insuportavelmente quente viria. Mas não. Na hora do almoço, o tempo já havia virado e uma tempestade de meia hora desabou sobre a cidade. Chuva de dar enxurradas nas ruas, juntar transeuntes nas marquises e propagar o aroma de cachorro molhado. No fim da tarde, porém, o céu estava livre de nuvens cinzas. No início da noite, algumas estrelas podiam ser vistas salpicando no céu.
Por que o histórico metereológico, você me pergunta? Ele havia deixado as janelas do apartamento escancaradas. E agora, tudo estava encharcado. O tênis, que secava sobre o tanque, as plantas junto à janela da sala, a pilha formada pela correspondência nem tão recentes... No seu quarto, o panorama era o mais desagradável. A escrivaninha de madeira possivelmente empenaria com tanta água e sua cama tampouco não era o lugar mais seco do mundo.
Tudo isso caso já não bastasse todo o resto. A pasta pesada na mão, cheia de textos a serem revisados. A comida congelada que ele enganaria como janta. O aluguel para ser pago no dia seguinte. O celular sem nenhum registro de chamada ou mensagem que o interessasse. E a dor nas costas, uma cereja oportunista completando o bolo. Sua vontade era ficar deitado por um bom tempo, blasfemando e retirando forças de algum lugar para seguir a noite. Mas não. Sua cama estava molhada, nem esse artifício de derrotado ele teria.
Algo precisava ser feito. Ele foi até a cozinha, pegou uma camisa velha e, com o rodo, começou a enxugar as poças pela casa. Um serviço não muito cuidadoso, mas melhor do que nada. Foi para o banho e ali optou por pouco pensar, deixando a sensação da água quente contra seu corpo o reconfortar. E, saindo do chuveiro, ele teve certeza de que não queria revisar textos, comer comida congelada, muito menos arrumar a casa. Só queria que o dia acabasse logo. Então, naquela noite, ele foi dormir mais cedo. Bem mais cedo. Exprimido no canto da cama, onde a chuva não havia molhado.
Por que o histórico metereológico, você me pergunta? Ele havia deixado as janelas do apartamento escancaradas. E agora, tudo estava encharcado. O tênis, que secava sobre o tanque, as plantas junto à janela da sala, a pilha formada pela correspondência nem tão recentes... No seu quarto, o panorama era o mais desagradável. A escrivaninha de madeira possivelmente empenaria com tanta água e sua cama tampouco não era o lugar mais seco do mundo.
Tudo isso caso já não bastasse todo o resto. A pasta pesada na mão, cheia de textos a serem revisados. A comida congelada que ele enganaria como janta. O aluguel para ser pago no dia seguinte. O celular sem nenhum registro de chamada ou mensagem que o interessasse. E a dor nas costas, uma cereja oportunista completando o bolo. Sua vontade era ficar deitado por um bom tempo, blasfemando e retirando forças de algum lugar para seguir a noite. Mas não. Sua cama estava molhada, nem esse artifício de derrotado ele teria.
Algo precisava ser feito. Ele foi até a cozinha, pegou uma camisa velha e, com o rodo, começou a enxugar as poças pela casa. Um serviço não muito cuidadoso, mas melhor do que nada. Foi para o banho e ali optou por pouco pensar, deixando a sensação da água quente contra seu corpo o reconfortar. E, saindo do chuveiro, ele teve certeza de que não queria revisar textos, comer comida congelada, muito menos arrumar a casa. Só queria que o dia acabasse logo. Então, naquela noite, ele foi dormir mais cedo. Bem mais cedo. Exprimido no canto da cama, onde a chuva não havia molhado.
Certos dias só podem melhorar se acabarem.
ResponderExcluirO homem, na cidade, dando continuidade à sua luta contra a natureza. A água anda causando muitos estragos por aí. Não dá pra confiar num céu claro pela manhã.
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