sexta-feira, 16 de março de 2012

#microconto5

Pedro confiava em Sofia. Expunha-lhe suas alegrias, temores e aflições. Ela recebia tudo com ternos sorrisos e conselhos atenciosos.

Ele quase a amava. Quase. Pois a confiança custava R$200 a hora.

4 comentários:

  1. Excelente: direto, crítico e bem-humorado. É assim que funcionam os BONS micro/minicontos...

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  2. Acho a relação de paciente/analisado/analisante, ou seja qual nome for, com o terapeuta, mais complexa do que me parece sugerir o texto. Sem entrar no mérito de se R$ 200 é um preço abusivo, o fato de haver dinheiro na relação não significa necessariamente que não haja afeto. Aliás, se não houver não funciona, como dizem, a "transferência" é essencial (sem fazer jogo de duplo sentido). Falar em amor talvez seja ir um pouco além, mas o sentido crítico do texto me parece um pouco equivocado. Pelo menos se for uma generalização.

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    1. Oi, Edu!
      Antes de tudo, obrigado pela visita e pelo comentário. Não gosto de ficar esmiuçando textos meus, mas sua provocação me impele a dar algumas explicações.
      O desafio para a criação do texto era que ele tivesse 200 caracteres e a palavra, ou numeral, 200. Daí o preço da "sessão" ser abusivo. E a "complexidade" da relação analista/ analisado não estar representada na maneira que você gostaria. Mas prefiro não entrar nesses méritos - pois eu acho que, mesmo com todos os pesares, estamos falando de uma operação comercial.
      O que chega na derradeira pergunta: quem disse que o conto é sobre uma relação clínica?
      Abraço!

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  3. Interessante a sua pergunta, realmente a natureza da relação não é especificada no conto.

    Mas sobre o que você afirma, de estarmos falando de uma operação comercial (na hipotése - a meu ver, perfeitamente possível a partir das palavras do texto - de se tratar de uma relação clínica) também não acho que seja simples assim. A saúde poderia ser considerada um bem comercial? Isso me soa estranho. Sim, há dinheiro envolvido, e, na nossa sociedade, muitas vezes não passa disso. Mas em princípio não acho que o serviço de um profissional que oferece cuidados com a saúde (excetuando o cara do balcão da farmácia) seja meramente comercial - especialmente quando se lida com a psique. Estabelece-se (ou deveria se estabelecer) um vínculo humano, o que não ocorre numa compra e venda de sabonetes, carros, drogas ou sexo.

    Abraço!

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