Esticou o braço, apontando o celular para o seu rosto.
Olhou para o lado. Apertou a tela. Click.
Ergueu o celular, fez um biquinho, de leve. Apertou a tela.
Click.
Mudou o celular de mão, balançou os cabelos e os jogou no
rosto. Pôs a língua para fora, no canto da boca. Click.
Pôs óculos escuros no rosto. Click. Mordeu os lábios. Click.
Fez carinha de “to chupando limão”. Click.
Pôs um pirulito na boca. E click.
Visualizou as fotos na tela. Se curtiu. Aí, postou tudo no feicibuque.
E esperou os outros curtirem.
Mas pouca gente se manifestou.
Ficou triste. Procurou uma frase de efeito para ilustrar
sua tristeza. Achou uma da Clarice Lispector.
Autorretratos para Facebookie: certamente um fenômeno a ser estudado!
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