Mal deu conta de si naquela
manhã e a dor já latejava em seu peito. Um aperto tão grande que, se fosse
físico, seria mais fácil de lidar. Ligaria para um médico, tomaria algum
remédio e estaria curada. Mas não, aquela dor era coisa que transcendia o
corpo. Apertava seu ser.
Viu, ainda na cama, a
maquiagem não retirada da noite anterior borrada no travesseiro, sujando os lençóis.
Cortesia das lágrimas, cascatas da noite de agonia. Então, Deborah pensou em
seus olhos, que deveriam estar inchados como nunca antes.
Deborah olhou para as unhas,
pintadas de azul e amarelo. O ódio voltou e ela pensou em pintá-las, agora, com
esmalte negro. Estava de luto. Por isso resolveu fazer um vídeo, anunciar sua
frustração com o resultado das eleições. E, tal como no término com o
ex-namorado ou quando o seu cachorrinho morreu, ela escolheu lidar com a
situação da forma mais madura da qual era capaz: declarar que se mudaria para
Miami.
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