Higienização
A sociedade gosta
Pé na bunda dos viciados
Spray de pimenta e bala de borracha.
O país anda perdido
Uma situação deplorável
Os homossexuais se beijam nas ruas
Que cena abominável!
Não que eu tenha algo contra
Sem essa de homofobia!
Bicha é engraçado lá na novela
Aqui eu prezo pela família.
Onde andam os bons costumes?
Quanta avacalhação
Direitos Humanos, sim.
Pra gay, puta e bandido, não!
Eu pago meus impostos
Sou o mais honesto da cidade
Rezo missa aos domingos
Deus, Família e Propriedade.
O perigo de poemas assim é serem adotados pelos bolsonarianos como bandeira, e produzirem eco para eles. Ironias em crítica política podem ser arriscadas, ando gostando mais das diretividades "nextelianas".
ResponderExcluirMas que está uma crítica perfeita, ah, isto está! Jamais diria o contrário.
Tenho verdadeiro medo desses demônios que se auto-proclamam elevados em nome de uma suposta cristandade. Às vezes me pergunto se não corremos o risco de caminhar, legislativamente, para a Idade Média. E quase esboço uma oração... mas respiro e passa esta parte. Graças a Deus!
O risco é verdadeiro, por isso tentei "escrachar" o máximo. Mas é um perigo: imagina, esse poema em um site ultraconservador?
ExcluirTem um disco do Kaiser Chiefs, banda de que não sou fã, mas cujo título é perfeito: "The future is medieval". É por aí. Que pena.
E se seu poema fosse parar num site ultraconservador, de nada adiantaria você se anunciar como autor e fazer a defesa explícita do seu ponto de vista. Nessas alturas, suas palavras não lhe pertenceriam mais (e, pior, ainda carregariam seu nome.. rs...) ...
Excluir...como teria dito certa docente de um certo curso de Letras a Carlos Drummond de Andrade, diante da recusa, por parte do autor, a determinada interpretação, conferida por essa docente, a um texto seu: "você não quis dizer, mas disse"...
Quanto à frase do Kaiser Chiefs, tal como as outras tragicidades possíveis... até doi...