segunda-feira, 14 de junho de 2010

Abrigos de inverno

É um belo espetáculo andar pelas ruas nas manhãs de inverno Mesmo que a baforada gélida secando nossa pele diga o contrário. Pois é bonito ver as pessoas e suas satisfações em andar vestidas para o frio. A relação que se tem com um agasalho vai além de objetividade. Encontra-se neles um abrigo, um refúgio, como um guerreiro em suas armas. É divertido, todos se curtindo com seus moletons.
Com seus casacos.
Jaquetas de tecido sintético.
Blusas de lã.
E os afetados apelando para cachecóis.
Uma beleza.
Quando criança eu também vibrava usando roupas de inverno com capuz. Era como se transformar em algum personagem de desenho. E minha jaqueta de Macgyver, como um colega bem observou, também me fazia esbanjar poder. Com tantos bolsos, eu poderia levar Deus sabe o quê nela.
É isso que o inverno é, uma experiência lúdica.
Hoje eu não visto nada disso. Uso bermudas e camiseta, porque eu vou pular na piscina daqui há dez minutos, então, tanto faz frio agora. Atravesso a Antônio Carlos e fico vendo toda essa gente em carros, esse abrigo que custa a partir de 20 mil e uns bons trocados. Com vidros fechados e ar quentinho, o símbolo maior de liberdade a ser adquirida pelo indivíduo. Sim, todos esbanjando a liberdade em ir de carro da casa para o trabalho e vice-versa. E nas férias, ir para Guarapari, ou para Ubatuba, se estiver no sul de Minas, ou para Santos, se for um paulistano... E ser livre para ter seu próprio cano de descarga. Belezuuuura!
Eu vou pular na piscina, e ela não permite abrigos. Uma tia ao lado levou o seu até a beira da água, o seu roupão, mas ele não vai acompanhá-la na hidroginástica. E nada vai me ajudar nos 600m de um vez só que a professora me pede. Nenhuma daquelas roupas de alto desempenho. Só meu fôlego, bom para um magrelo.
Meu abrigo vem depois. Japão x Camarões. Em seguida, ler um texto, hoje é dia de Koselleck. Para mais tarde escrever academicidades que talvez uns dois no universo vão ler. Urrul!
E meu blog? Não, ele não. Logo vou virar um Salinger, só que sem nenhum livro bem sucedido. Escreverei só para mim, não vou publicar nada. Porque o ego é o refúgio dos fortes. Yeah!

3 comentários:

  1. otimo texto!!!
    ow, depois de viver -4°C, agasalhos de frio e eu, uma relaçao eterna!

    seu abrigo pra depois do jogo é meio ossao!! =)

    Salinger tricordiano tem uma leitora!!!!

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  2. Legal Luis Fernando,

    O Domingos de Oliveira pode ser visto todo encapotado nos lançamentos dos trabalhos dele, mesmo que seja verão, a roupa o protege.
    Sinto inveja de vocês que, faça frio ou calor, pula na piscina quase nu, eu que nem sei nadar.
    Abraço,
    Renato.

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  3. Sugestão nº1:
    Cachecol é bom. Os nazistas descobriram que o pescoço é uma das partes mais essenciais para a circulação sanguínea do cérebro. Por isso aquecer essa parte, que como pude constatar, se torna um tipo de hábito inevitável.

    nº2:
    Belo texto, hombre. Mas tough is not enough.

    nº3:
    O jogo Uruguai e Gana. Que coisa genial! Que tragédia. Lindo.

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