sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

21/12/2012


O “tic” do relógio nunca o incomodara tanto. Os ponteiros girando, livre e tranquilamente, também não. Ele olhava compulsivamente para o relógio. E, a cada conferida, seu temor se concretizava: naquele cabalístico 21/12/2012, o mundo não iria acabar. Malditos maias.

Enfim, era preciso encarar os fatos. Partir para o plano B. Deixou o relógio em casa e foi jogar na Mega Sena da Virada.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Manhã



Esfrego os olhos, tiro remelas - o problema pode estar neles. Não é. 

Talvez seja a sujeira no vidro da minha janela. Bem que poderia ser. Mas também não é.

Não sou eu, é você. A fumaça é o sintoma de cidade grande, mesmo. De toda sorte de porcarias tóxicas que vão nos matar de câncer.

Na paisagem sonora, ruídos. Marretadas, jatos de tinta, madeira serrada... Por todos os lados erguem-se prédios, monumentos da modernidade. Imensos caixotes de tijolos para empilhar gente. Uma bela invenção, sobretudo para terroristas.

São pouco mais de 8h e Belo Horizonte já tem um bafo de Saara. Tenho pena dos otimistas, deve ser difícil ser um deles no verão.