João foi ao estádio ver seu
time do coração jogar. Lá, ele achou a festa bonita, tanta gente
vestindo roupas com as mesmas cores que as dele, cantando e declarando amor ao
União Cascalhense. Gostou do que viu. E mais: se empolgou. Inclusive porque,
mal o juiz autorizou o início da partida, o centroavante de seu time puxou a
bola para um lado, deixou a marcação do outro e sapecou um belo chute. 1 a 0.
Isso, tinha encontrado um
grupo ao qual pertencia plenamente. Certo? Não. João olhou melhor e viu que o
cabeludo levava, na mochila, um adesivo do candidato presidencial que ele
abominava. Não, não podia estar no mesmo grupo que aquele cidadão, eles tinham
visões de mundo muito diferentes. João se negava a ser igual a quem não
percebia que Lucrécio era a melhor opção para o país. Fez, então, uma nova
definição para o seu grupo de pertencimento: torcedores do União Cascalhense,
roqueiros e que votavam em Lucrécio para presidente do Brasil.
Mas o jogo seguia e João foi
prestar atenção. Ele viu, com apreensão, o adversário empatar a partida.
Lamentou quando um gol contra fez a virada. Irritou-se com o terceiro gol dos
visitantes. E quando o quarto tento foi anotado, ele bufou – afinal, é contra a
Alemanha que estamos jogando?
Na volta para casa,
envergonhado com a derrota acachapante, João refletiu sobre o grupo de iguais
que havia imaginado. E pediu para sair – já não estava assim tão convicto como
torcedor do União Cascalhense.