terça-feira, 29 de novembro de 2011

Discografia Comentada: "The Great Escape Artist" (2011) - Jane's Addiction

Nas próximas semanas, por tempo indeterminado, nas terças-feiras teremos reviews musicais nesse espaço. Essa "seção" também muda de nome, agora é "Discografia Comentada", não mais "Recomendada". As atualizações literárias continuarão. Sejamos perseverantes.

            Nas últimas semanas muito se tem falado em Perry Farrell, embora não pelo motivo mais adequado. O fundador/ organizador do Lollapalooza esteve na mídia brasileira por conta da versão tupiniquim de seu festival, no ano que vem, e do debate com Lobão (aquele que sobrevive de polêmicas há duas décadas). Melhor seriam que falassem de Farrell por causa do lançamento de The Great Escape Artist, lançado há poucas semanas.
            O Jane’s Addiction é referência básica para quem tem algum interesse na história do rock. Essa banda californiana é parte da retomada do estilo que ocorreu na virada dos anos 1980 para a década seguinte. Embora alguns desavisados digam que o Nirvana fez a revolução sozinho, é preciso lembrar: as grandes gravadoras, que nunca foram bobas, já investiam em bandas alternativas. Antes de Nevermind (1991), Soundgarden, Red Hot Chilli Peppers, Sonic Youth e Jane’s Addiction, entre outras, já tinham contratos.
            Em seus dois primeiros álbuns, o Jane’s Addiction soava explosivo. Músicas que iam da aceleração de um rock ancestral, à outras, com grandes viagens atmosféricas. De Nothing’s Shocking (1988), você pode conferir “Mountain Song” aqui. Já Ritual de lo Habitual (1990) continha o hit “Been Caught Steeling” e a não menos boa “Three Days”. “Aquilo sim era rock, bebê”, disse Christiane Torlone para o blog. Mentira. A reportagem não conseguiu entrar em contato com a atriz.
            As performances do grupo estavam à altura da música. Perry Farrell, um exótico pansexual, é bastante desinibido no palco, assim como o guitarrista Dave Navarro, poser como só ele. Tanta personalidade, claro, deu problema: depois dessa primeira fase promissora, o grupo se desintegrou, os músicos seguiram suas carreiras e, de vez em quando, se reúnem.
            Em The Great Escape Artist, a banda não soa com a mesma pegada. Também, pudera, os músicos já não são os jovens de antes. Não que se tenha que soar velho após os quarenta anos, mas também não precisa fingir-se de garotão – foi mal, Dinho Ouro Preto. A sonoridade também ficou mais limpa, coisa da tecnologia, que não para.
Mesmo assim, o Jane’s Addiction de outrora ainda pode ser reconhecido nos riffs de guitarra e nas boas melodias. Soa moderno, é verdade, mas com a identidade original. Indicado para uma época em que o rock, novamente, está ficando andrógeno. E quando os roqueiros estão visualmente parecidos com personagens de animes, sinal de alerta!
The Great Escape Artist é um cd que a gente escuta sem querer pular as faixas – o que indica uma banda honesta. Desconfie smpre daquelas que apresentam pérolas envoltas por material de má qualidade.
Se ficou curioso, dê uma conferida na música de trabalho, “Irresistible Force” aqui.

Um comentário:

  1. O texto é bom - ainda mais porque não fala o tempo todo do disco. Não pude ouvir ainda, Jane's Addicition nunca foi meu foco. Obrigado por fazer esse favor aos ecléticos-vazios que rondam por aí: música precisa de atenção e toda obra de um escrito, uma crítica. Aquele abraço! Gostaria de marcar uma audição com você desse disco. Seria genial discutir "in loco".

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