terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Discografia [e Natal] Comentada [os]: Scott Weiland – “Most Wonderful Time of the Year” (2011)

            Natal, a época mais maravilhosa do ano? Há controvérsias. Afinal, não são poucos os que mobilizam seus discursos de cunho marxista para questionar os aspectos maléficos do consumismo, tão associado ao rito natalino. Ou os cristãos que se revoltam com a perversão do sentido original da data. Pois sempre haverá alguém querendo jogar água no nosso vinho Canção, prezado leitor. Mas se a pessoa quiser se embriagar na cafonice dessa época do ano, qual o problema?
As luzes de Natal, em minha opinião, representam a necessidade que temos de sonhar. As cidades, com suas fachadas soturnas, de trevas que intimidam, transformam-se numa Las Vegas de motivos natalinos. O décimo-terceiro salário traz a magia. Não importa quão miserável você seja, em dezembro a situação parece ser de opulência. É sonho, porque afinal, em algum momento a gente acorda. No caso, com data marcada: janeiro e seus impostos.
Maravilhosa ou não, essa época tem os seus “milagres”. Tipo alguém realmente acreditar que juntar a família numa mesa possa ser uma boa idéia. Ou Scott Weiland abrir seu sorriso mais brilhante, vestir-se de bom moço e cantar canções natalinas. Pois é, em 2011, o vocalista do Stone Temple Pilots lançou o cd Most Wonderful Time of the Year, com canções natalinas. Pois o Natal nos EUA tem toda uma tradição musical, corais cantam de casa em casa um repertório típico. O que não passa impune à indústria fonográfica, repleta de produtos voltados para essa época, o que às vezes proporciona encontros inusitados.
Scott Weiland tem um histórico bastante problemático, com abuso de drogas lícitas e ilícitas, e conseqüentes prisões. Depois dos dois primeiros álbuns, nunca mais o STP foi regular em sua atividade. O que torna esse cd algo muito curioso. É a magia da época: por que Scott não pode regenerar, nem que seja só nesse período?
De um modo geral, esse é o grande atrativo de Most Wonderful Time of the Year. Para quem gosta de músicas do Natal, é claro, também é um bom motivo para ouvi-lo. Comportado, Weiland não perverte a maior parte das músicas. Podemos considerar exceções a roupagem pop kitsch de “Silent Night” (ou “Noite Feliz”) e “Happy Christmas and Many More”, e reggae em “O Holy Night”. Também é interessante ouvir o vocalista em registros mais graves, como no single “Winter Wonderland”, algo que ele abandonou ao longo dos anos no STP e Velvet Revolver.
Mas, justiça seja feita, há tempos Scott Weiland não vive só de drogas e rock’n roll. Por exemplo, a música “A song for sleeping”, do quinto álbum do STP, é uma das mais belas feitas de pai para filho. Sua carreira solo é bem variada e não soa como os trabalhos de suas bandas.
Mas, enfim, Most Wonderful Time of the Year é um cd natalino, limitado já em seu propósito. Se o leitor precisar de trilha sonora para o Natal de 2012, Scott Weiland é preferível à figuras como Simone, ou Michael Bublé.

Um comentário:

  1. É um grande vocalista. Não duvido desse álbum ser bom, apesar de natalino.

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