terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Discografia Comentada: Incubus – “If not now, when?” (2011)

            Uma pancada nos ouvidos. Só que não. Assim eu definiria o mais recente álbum do Incubus, If not now, when?. Porque ele me remete a uma regra que formulei, há um bocado de tempo, sobre a evolução das bandas: chegando a idade, os roqueiros “tiram o pé” e ficam comportados. Claro, meu grande parâmetro era o Metallica, que “playbolizou” depois do Black Album. Rebeldia parece não combinar com cabelos brancos.
            Claro, nem sempre é por aí. Mas com o Incubus o caminho tem sido este. A banda começou fazendo um rock mais funkeado, aquela mistura que foi tendência no fim dos anos 1990. Na época, o vocalista galã Brandon Boyd usava dreads e um bigode, digamos, bem maroto. Se você não lembra, confere o clipe de “A Certain Shade of Green”. A partir do terceiro álbum de estúdio, Make Yourself (1999), a banda passou a dosar rock de arena com baladas bem dignas. Até que, no penúltimo álbum, Light Grenades (2006), a guitarra ficou menos distorcida e as melodias, mais adocicadas.
            Só que em If not now, when? o açúcar foi generoso. O álbum é composto praticamente só por baladas. São onze faixas. Então, o fã mais antigo pode estranhar. Não dá para procurar os bons momentos do passado ali, como em “Nice to know you” ou “Megalomaniac”.
            Mas façamos algumas ponderações. É verdade, é um álbum bem leve. Porém, não merece ser taxado de pop. Só coisas tipo o Nickelback merecem esse rótulo. Os músicos do Incubus são bastante competentes, as canções estão bem construídas instrumentalmente e a produção, bastante limpa. Algumas músicas poderiam se encaixar com facilidade em uma trilha sonora de seriado adolescente, tipo o single “Promises, promises”. Mesmo assim, há boas exceções, como a experimental “In the company of wolves” e a agitada “Switchblade”. E o outro single, “Adolescents”, vale ser conferido.
            Esquecidas as referências anteriores, dá para se tirar um bom proveito de If not now, when?. Afinal, há espaço em nossos mp3 e HDs externos para um álbum que soa mais adocicado. Por que não? Nessa proposta, o novo trabalho do Incubus é uma excelente opção.
Mas eu não indicaria para os diabéticos.

3 comentários:

  1. Ok. Tirar o pé do pedal de distorção (ou "acelerador") é uma coisa endêmica com a idade. Ok. Bandas "velhas" fazem discos com baladas. Ok. Músicos competentes salvam alguns discos.
    Não sei muito qual decisão tomar a respeito: não é fácil ficar pulando e gritando coisas ao vento quando se tem mais de 30, quiçá 40. Seria preciso um puta senso artístico, noção do papel que você resolveu representar e a importância que isso tem para o sentido do trabalho, etc. Algumas coisas passam distantes disso, por exemplo a Debbie Harry. Ela viveu o auge Punk/New Wave com trinta aninhos. Assim, linda e dançante. Sem medo de ser a loirinha, o símbolo sexual, a moça das letras de duplo sentido ou mesmo inocentes. O Blondie tava lá e ela fazendo 35 e tal. Escondendo a idade talvez.
    Você pode ser maduro e entender aquelas canções antigas como parte de alguma coisa que (deveria) se orgulhar também. Porque no dia-a-dia tocar uma canção é trabalho. Uma hora cansa - mas o público sempre quer ver sangue. Então lá vai o sujeito entrando na arena mais uma vez. Rock é uma energia de sobra. Hormônios dando errado. "Adolescents".

    Senti falta de alguma "defesa" por parte dos autores do disco aqui. Nesse caso é bem merecido. Talvez eles tenham soltado alguma coisa tipo "é o nosso disco de baladas" etc.

    Sobre o mp3: 4GB já foi muito. 500GB jé é pouco. A gente não pode perder certo critério só por causa do lugar abstrato que a música (e as fotografias e filmes) ocupa hoje em nossa vida. Se eu tivesse um tijolo pra cada disco ruim que eu baixo... acredito que estaria montando uma casa.

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  2. Ah!
    Outra coisa: a capa do disco é uma merda. É bem digna de uma banda de baladinhas para pessoas pós-pseudo-revoltadas. Ou seja: pessoas que nunca conseguiram um conteúdo honesto.
    Sério mesmo. Um clichê bem mansinho. Clichês precisam de uma certa agressividade na minha humilde opinião.

    Gosto de capas que são fotografias. "Lulu" do Lou & Metallica é uma boa. Tem no mínimo ALGUMA vontade de viver ou ser lembrada. Essa do Incubus capa reflete a porra da decadência do universo criativo na música.

    É isso.

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  3. essa banda, depois de 29 anos continua brutal! e ano que vem no aniversário de 30 anos lança uma nova pedrada. essa foi a última de 2009

    http://www.youtube.com/watch?v=npa8qUNEIFY&ob=av3e

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